26 de maio de 2013

A consciência


"No intimo de cada um de nós existe a criança que já fomos. Esta criança é a base do que nos tornamos de em somos e quem seremos" Neurocientista Dr. R. Joseph



Por Ana Beatriz Barbosa Silva (Autora de Mentes Perigosas)

  No decorrer de nossa história, muitos estudos e teorias se formaram em torno da consciência e das inevitáveis polêmicas sobre o “bem” e o “mal”. Como o passar dos séculos, a consciência foi e ainda é alvo de discussões entre teólogos, filósofos, sociólogos e, mais recentemente desafia e intriga cientistas e juristas.

                De fato, conceituar ou definir consciência é algo extremamente complexo que pode gerar controvérsias por anos a fio. Isso por que ela está acima de teorias religiosas ou mesmo psicológica e cientificas.

                A meu ver, ter consciência ou ser consciente trata-se de possuir o mais sofisticado e evoluído de todos os sentidos da vida humana: o “sexto sentido”. Atrevo-me a afirmar que tal sentido foi o último a se desenvolver na história evolutiva da espécie humana. Nossa humanidade, benevolência e condescendência devem ser atribuídas a esse nobre sentido. A consciência é criadora do significado de nossa existência e, de forma subjetiva, também é criadora do significado da vida de cada um de nós. Ela influência e determina o papel que cada um terá na sociedade e no universo.


                Como disse anteriormente, a consciência é tão espetacular que só podemos senti-la, e talvez esteja ai toda a sua grandeza. Se existe alguma coisa de divino em nós, entendo que a nossa consciência seja essa expressão e, quem sabe, uma fração incalculável do tão falado e pouco praticado amor universal ou incondicional. Na verdade, esse “sexto sentido” é essencialmente baseado na compaixão e na verdadeira prática do amor.


                Uma vez que a consciência esta profundamente alicerçada em nossa habilidade de amar, em criar vínculos afetivos e nos abastecer dos mais nobres sentimentos, ela nos faz subjetivamente únicos, porém integrados e sincrônicos com o todo maior e transcendente (tenha ele o nome que tiver, nos diversos povos ao redor do mundo).


                A consciência genuína nos impulsiona a ir ao encontro dos outros, colocando-nos em seu lugar e entendendo a sua dor. Somos tomados por gestos simples como desejar  “bom dia” àqueles que não conhecemos ou ligar para um amigo só para dizer: “Olá, como vai? Estou aqui para que der e vier!”


                Inundados de consciência, pedimos desculpas sinceras àqueles que magoamos ou ferimos num momento de equívoco. Agradecemos aos nossos pais pela oportunidade da vida e pelos ensinamentos de retidão. Vibramos e nos emocionamos frente à superação de um atleta, que derrama lágrimas ao subir no degrau mais alto do pódio.


                Esse “sexto sentido” é que nos comove com as situações trágicas e também com a felicidade do encontro de irmãos separados desde a infância. Ele nos traz indignação frente ao preconceito, ao desrespeito às regras sociais, à intolerância ao próximo, à falta de educação, à corrupção e à impunidade.


                A consciência nos inspira a zelar pelo nosso animal de estimação e a nos desesperar pelo seu desaparecimento. Inspira-nos a chorar copiosamente com o nascimento de um filho e acompanha-lo rumo à descoberta do mundo ao seu redor. Permite-nos sentir a profundidade de uma bela melodia, apreciar a exuberância de uma flor e exclamar: “Nossa, que linda!”.


                A consciência gera movimentos de extrema grandeza pela paz e leva milhares de pessoas às ruas para protestas contra a violência; impulsiona o sacrifício voluntário e incondicional de pessoas que lutam em prol da humanidade. Ela alegra nossos corações com os primeiros raios de sol, anunciando que o dia será mais colorido, e também com a chuva que faz brotar a plantação, garantindo o nosso “pão de cada dia”.


                É a consciência que nos impele a doar órgãos em momentos de extrema dor e torcer por um final feliz. Impulsiona indivíduos a salvar muitas vidas, mesmo sabendo que pode ser o seu próprio fim. Leva-nos às preces, às orações e ás correntes do bem na esperança de dias melhores.


                Movimenta-nos contra seca, a fome, o desmatamento das florestas e a destruição da camada de ozônio, que colocam em risco o rumo do planeta e o futuro das novas gerações. Enfim, nos pequenos ou nos grandes gestos, a consciência genuína – e somente ela – é capaz de mudar o mundo para melhor.