Por Ana Beatriz Barbosa Silva (Autora de Mentes Perigosas)
No decorrer de nossa história, muitos estudos e teorias
se formaram em torno da consciência e das inevitáveis polêmicas sobre o “bem” e
o “mal”. Como o passar dos séculos, a consciência foi e ainda é alvo de
discussões entre teólogos, filósofos, sociólogos e, mais recentemente desafia e
intriga cientistas e juristas.
De fato,
conceituar ou definir consciência é algo extremamente complexo que pode gerar controvérsias
por anos a fio. Isso por que ela está acima de teorias religiosas ou mesmo psicológica
e cientificas.
A meu ver, ter
consciência ou ser consciente trata-se de possuir o mais sofisticado e evoluído
de todos os sentidos da vida humana: o “sexto sentido”. Atrevo-me a afirmar que
tal sentido foi o último a se desenvolver na história evolutiva da espécie
humana. Nossa humanidade, benevolência e condescendência devem ser atribuídas a
esse nobre sentido. A consciência é criadora do significado de nossa existência
e, de forma subjetiva, também é criadora do significado da vida de cada um de
nós. Ela influência e determina o papel que cada um terá na sociedade e no
universo.
Como disse
anteriormente, a consciência é tão espetacular que só podemos senti-la, e
talvez esteja ai toda a sua grandeza. Se existe alguma coisa de divino em nós,
entendo que a nossa consciência seja essa expressão e, quem sabe, uma fração
incalculável do tão falado e pouco praticado amor universal ou incondicional.
Na verdade, esse “sexto sentido” é essencialmente baseado na compaixão e na
verdadeira prática do amor.
Uma vez que a consciência esta profundamente alicerçada em nossa habilidade
de amar, em criar vínculos afetivos e nos abastecer dos mais nobres sentimentos,
ela nos faz subjetivamente únicos, porém integrados e sincrônicos com o todo
maior e transcendente (tenha ele o nome que tiver, nos diversos povos ao redor
do mundo).
A consciência genuína
nos impulsiona a ir ao encontro dos outros, colocando-nos em seu lugar e
entendendo a sua dor. Somos tomados por gestos simples como desejar “bom dia” àqueles que não conhecemos ou ligar
para um amigo só para dizer: “Olá, como vai? Estou aqui para que der e vier!”
Inundados de
consciência, pedimos desculpas sinceras àqueles que magoamos ou ferimos num momento
de equívoco. Agradecemos aos nossos pais pela oportunidade da vida e pelos
ensinamentos de retidão. Vibramos e nos emocionamos frente à superação de um
atleta, que derrama lágrimas ao subir no degrau mais alto do pódio.
Esse “sexto
sentido” é que nos comove com as situações trágicas e também com a felicidade
do encontro de irmãos separados desde a infância. Ele nos traz indignação
frente ao preconceito, ao desrespeito às regras sociais, à intolerância ao próximo,
à falta de educação, à corrupção e à impunidade.
A consciência nos
inspira a zelar pelo nosso animal de estimação e a nos desesperar pelo seu
desaparecimento. Inspira-nos a chorar copiosamente com o nascimento de um filho
e acompanha-lo rumo à descoberta do mundo ao seu redor. Permite-nos sentir a
profundidade de uma bela melodia, apreciar a exuberância de uma flor e
exclamar: “Nossa, que linda!”.
A consciência gera
movimentos de extrema grandeza pela paz e leva milhares de pessoas às ruas para
protestas contra a violência; impulsiona o sacrifício voluntário e
incondicional de pessoas que lutam em prol da humanidade. Ela alegra nossos corações
com os primeiros raios de sol, anunciando que o dia será mais colorido, e
também com a chuva que faz brotar a plantação, garantindo o nosso “pão de cada
dia”.
É a consciência
que nos impele a doar órgãos em momentos de extrema dor e torcer por um final
feliz. Impulsiona indivíduos a salvar muitas vidas, mesmo sabendo que pode ser
o seu próprio fim. Leva-nos às preces, às orações e ás correntes do bem na
esperança de dias melhores.
Movimenta-nos
contra seca, a fome, o desmatamento das florestas e a destruição da camada de
ozônio, que colocam em risco o rumo do planeta e o futuro das novas gerações.
Enfim, nos pequenos ou nos grandes gestos, a consciência genuína – e somente ela – é capaz de mudar o mundo para
melhor.